Nós vamos ocupar a cidade
Como ocupações urbanas criativas podem melhorar a vida nos grandes centros
Por Wans Spiess
Entre os dias 5 a 11 de novembro de 2018 milhares de pessoas participaram das atividades do MICBr – o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil, uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O megaevento tomou conta de toda extensão do corredor da Av. Paulista oferecendo diversas atividades que iam de atrações culturais, palestras, rodas de conversa até rodadas de negócios e discussões sobre políticas pública. Uma via privilegiada que potencializou o encontro de pessoas, ativistas, empreendedores e agentes governamentais, e que contou com a presença de oito países sul-americanos – Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, além do anfitrião Brasil.
O CalçadaSP foi convidado a participar do painel Mobilidade e Ocupação Cultural nos Centros Urbanos. Ao lado de André Palhano, um dos promotores da incrível Virada Sustentável, e de Manuela Colombo e Fabíola Molan, da Yellow – as recentes queridinhas bicicletas amarelas compartilhadas, conversamos sobre novas formas de viver, interagir e ocupar coletivamente o espaço urbano.
O que mais chamou nossa atenção foi a capacidade que cada um dos projetos tem de ir além do ‘que pode parecer’ seu propósito inicial.
Pra começar, a Virada Sustentável usa a arte como instrumento de reflexão e elabora sua programação buscando atender todos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Isso significa, sim, chamar a atenção para o meio ambiente, mas também trazer temas como diversidade, justiça social, educação de qualidade, entre outros.
Por sua vez, a Yellow assume o compromisso de não só apresentar as vantagens de utilizar a bicicleta como meio de transporte como também de educar para o uso consciente. Convoca as pessoas a “cuidar da cidade”, atuando com mensagens e promotores que ensinam a estacionar a bike de forma correta, boas maneiras de utilizar ciclovias, ciclofaixas e as próprias calçadas, dentre outras iniciativas.
Já no CalçadaSP partimos da premissa de que #somostodospedestres. O convite democrático para caminhar ganha ainda mais força ao entender que a calçada conecta com os mais variados temas. Ao andar pelas calçadas você conhece a história da cidade, a arquitetura de seus prédios, cuida de sua saúde e, se prestar atenção aonde pisa, vai encontrar arte a seus pés.
Outro destaque vai para a força que os projetos ganham alimentando-se de contribuições vindas de universidades, voluntários, coletivos, empresas, poder público e, claro, dos próprios moradores da cidade. Participando diretamente da elaboração – como na programação da Virada Sustentável, atuando como potencializadores e protetores da idéia – como os Guardiões Yellow, ou contribuindo diretamente com sua criatividade pessoal – como no uso da #calçadasp, fica cada vez mais clara a importância da co-criação para as empresas e iniciativas que estão alinhadas com a nova economia, em especial na indústria da Economia Criativa.
O recado que fica desse encontro é de esperança. Quem faz a cidade é quem a ocupa e, portanto, precisamos ir para a rua e descobrir que há arte, conhecimento e mobilidade para compartilhar.
O convite está feito. Vamos?
Siga o CalçadaSP no Instagram (@calcadasp) e use #calçadasp para compartilhar suas fotos, elas podem fazer parte da galeria de calçadas do projeto.
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